segunda-feira, janeiro 31, 2005

O meu sonho de lua cheia...

Quando acordei soube que me sentava nas bordas de um sonho cheio de cores completamente descoloridas pelo bolor das lágrimas, agora já esquecidas de tão gastas... E eu quiz recuperar a frescura de um olhar cansado de vaguear pela inexistência das horas sem história, mas o brilho intenso do "sol das almas" magoou-me as íris e cerrou-me as pálpebras. Permaneci, pois, letargicamente vazia de mim, como se procurasse as coordenadas de um olhar perdido algures no resto da noite, e certa de que seria esse olhar o feitiço necessário para que os meus lábios desenhassem o sorriso encantado... Sem que me sentisse, desgarrei de mim os braços em asas e levantei-os na direcção do sonho, agora definido no horizonte pelo brilho de um azul mágico. Tinha a forma da Lua cheia, o meu sonho... Abri então os olhos devagarinho e deixei q a luz da minha lua me atravessasse cada filamento do sentir. Depois, com as minhas mãos em concha, agarrei com toda a ternura o meu sonho de Lua Cheia e coloquei-o no meu colo, acariciando-lhe os fios de luar q se desprendiam pelos meus braços e deixando que me adentrassem e me levassem a prolongar-me para além de mim... E encetei por um trilho onde as algas me acariciavam os pés e as lágrimas se recolhiam de novo no meu peito já apenas enfeitadas de tom de carinho e de saudade... e guardei-as na gaveta das recordações mais doces... Junto de mim ficou apenas o meu sonho de Lua Cheia pintado de barcos no mar, ao largo da ilha q desertificarias para sonhar comigo... e ficaste tu... a quem chamo de capitão de leme solto, a quem chamo mar e rio... a quem chamo de meu amor...
Cris (Sussurros fora do tempo)

sábado, janeiro 29, 2005

Permanência...

empresta-me a ternura dos teus lábios e deixa-me ficar assim um pouco sorvendo a noite já deitada nos seus silêncios...
não te demoro... apenas te sorvo no instante da magia e retomo o meu caminho na serenidade dos passos que então inventarei... mas não te demoro.
gosto do sabor que deixas na minha pele ao roçar dos teus lábios, que pressinto em instantes que não mais me desabitarão...
não te demoro... porque permaneces já em mim e a intensidade da permanência desamarra o tempo...

sinto-te ...

Cris(Sussurros fora do tempo)




quarta-feira, janeiro 26, 2005

Encantamento...

Inundo-me do azul palidamente suave em que me alagas e sinto adentrarem-me robustos filamentos de um vermelho rubro que me enchem de luz...
Ainda que se desencontrem os astros no silêncio melancólico da noite, deixam ao passar a beleza inédita de notas soltas ao vento, vestígios de um dançar divino e eterno que nem os anjos ousam igualar que lhes falta a coragem do suspiro...
Adivinho os gemidos pendurados nas estrelas num embalar de fragâncias brancas e líquidas e há restos de saliva doce no branco das nuvens agora aquietadas no nada flutuante da noite... Olho encantada! Subo devagar os degraus do sonho até ao patamar dos olhares cúmplices e sorvo-te dos lábios a ternura... porque conheço o teu sabor... Sei que me sabes em ti!

Sorrio-te!


Cris (Sussurros fora do tempo)

domingo, janeiro 23, 2005

Saudades...

Estou sentada neste canto como se numa página de um livro em branco, pleno de palavras ausentes escritas em tons de fogo. Debaixo dos meus pés, ainda descalços, sinto a força mágica de uma relva macia que rasga a terra húmida na urgência de sobreviver.
Ao meu redor é noite escura onde vagueiam ecos de gente feliz e restos de frio bordados de neblina mansa, perfumada de maresia. Adivinho veios de salitre nos olhos das vozes que se desgarram das ruas e se colam aos vidros das janelas do meu quarto.
Sinto cega, a noite, e absorta a lua nos reflexos adormentados das ondas entristecidas da ria. E pressinto a leveza do bailado das palmeiras ao som da brisa do fundo da cidade.

Fecho os olhos e abro serenamente a minha alma, janela virada para o mar, e pinto um farol no recanto mais profundo do teu olhar... e um fundo azul... e um abraço... e o sabor dos teus lábios. Guardo as tuas mãos nas minhas e entrego-te o meu sorriso...

De volta aos meus dedos, reparo que terei que inventar uma nova artéria, no meu peito, onde possa correr, livre, a seiva com que pintei este quadro que não cabe nos contornos de uma simples página de um livro em branco, pleno de palavras ausentes, escritas em tons de fogo a que simplesmente dei o nome de "saudades".


Cris (Sussurros fora do Tempo)

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Dos meus lábios aos teus...

Não sei exactamente o q te direi esta noite. Sabes q eu não sei agrilhoar as palavras . Sei apenas pedir-lhes que te beijem e te digam docemente dos murmúrios dos meus lábios...


jorram doces
as palavras

salpicos
de beijos

com sabor a algas
e a abraços de mar-chão
em que me alagas

teus os meus lábios
criam asas

desnudam-te
tecem-te desejos
e falam-te dos sorrisos
das minhas mãos

resto aqui parada no tempo
envolta na beleza do momento
em que o teu sono estremeceu
ao toque pleno e perfeito
das palavras que te levaram os meus lábios

e neles um beijo meu...

Dormirei, então, agora...


Cris ( Sussurros fora do tempo)



quinta-feira, janeiro 13, 2005

Para amanhecer num beijo...

A noite geme baixinho. Segreda-me palavras tuas, ao ouvido. Sussurra-me que me sabes aqui a juntar as letras nas palavras q me pediste.
A noite aninha-se no meu colo, coberta de estrelas q adivinho e q pressinto, e afaga-me docemente. A noite é hoje filha minha e deixa q a vele para que amanheça serena. Guardá-la-ei como a um anjo... e amanhecerei nela sonhando um beijo!
Cris (Sussurros fora do Tempo)