Quando acordei soube que me sentava nas bordas de um sonho cheio de cores completamente descoloridas pelo bolor das lágrimas, agora já esquecidas de tão gastas... E eu quiz recuperar a frescura de um olhar cansado de vaguear pela inexistência das horas sem história, mas o brilho intenso do "sol das almas" magoou-me as íris e cerrou-me as pálpebras. Permaneci, pois, letargicamente vazia de mim, como se procurasse as coordenadas de um olhar perdido algures no resto da noite, e certa de que seria esse olhar o feitiço necessário para que os meus lábios desenhassem o sorriso encantado... Sem que me sentisse, desgarrei de mim os braços em asas e levantei-os na direcção do sonho, agora definido no horizonte pelo brilho de um azul mágico. Tinha a forma da Lua cheia, o meu sonho... Abri então os olhos devagarinho e deixei q a luz da minha lua me atravessasse cada filamento do sentir. Depois, com as minhas mãos em concha, agarrei com toda a ternura o meu sonho de Lua Cheia e coloquei-o no meu colo, acariciando-lhe os fios de luar q se desprendiam pelos meus braços e deixando que me adentrassem e me levassem a prolongar-me para além de mim... E encetei por um trilho onde as algas me acariciavam os pés e as lágrimas se recolhiam de novo no meu peito já apenas enfeitadas de tom de carinho e de saudade... e guardei-as na gaveta das recordações mais doces... Junto de mim ficou apenas o meu sonho de Lua Cheia pintado de barcos no mar, ao largo da ilha q desertificarias para sonhar comigo... e ficaste tu... a quem chamo de capitão de leme solto, a quem chamo mar e rio... a quem chamo de meu amor...
Cris (Sussurros fora do tempo)